Jaqueline Silveira

Aceitação e resistência traduzidas no placar, a conversa e o flagra que deram o que falar

As indicações do atual ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), para o Supremo Tribunal Federal (STF), e do procurador Paulo Gonet para chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR) foram aprovadas no Senado, na noite de quarta-feira (13). Contudo, o placar das votações sinalizou a aceitação de Gonet e a resistência à escolha de Dino.


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Com perfil mais conservador, o novo PGR recebeu 65 votos dos 81 senadores. Já o futuro ministro do STF foi aprovado por 47 votos a favor e 31 contra. Eram necessários 41 para confirmar a indicação. O governo Lula (PT)calculava entre 48 e 52 votos para Dino, número que ficou abaixo. 


Isso que o Palácio do Planalto reforçou o time de votantes com a exoneração de quatro ministros que são senadores e reassumiram os cargos somente para a sessão: Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Camilo Santana (Educação) e Renan Filho (Transportes).

 
Senador eleito pelo Maranhão (NE), Estado que governou por dois mandatos, Dino foi o ministro que mais fez o enfrentamento pelo Palácio do Planalto com a oposição, especialmente com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tanto em entrevistas quanto em postagens nas redes sociais. Foi um defensor do governo muito mais que os próprios ministros do PT. Ele personificou o governo petista atiçando a oposição, o que foi traduzido no placar da votação no Senado.


A conversa e o flagra que deram o que falar

Ao final da sabatina e aprovação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado de sua indicação, o ministro da Justiça, Flávio Dino, teve uma conversa descontraída com o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), algoz da prisão do presidente Lula e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro (PL). Em alguns momentos, até falaram no pé do ouvido e trocaram um abraço.

 
Moro foi flagrado, ainda, logo depois na sabatina na CCJ, ao celular trocando mensagens com uma pessoa identificada como “Mestrão” em que sinalizava seu voto em Dino. “Sergio, o ‘coro’ está comendo aqui nas redes, mas fica frio que já, já passa, só não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, senão isso vai ficar a vida inteira rodando”, disse “Mestrão”, em uma das mensagens, divulgadas pelo O Globo e O Estadão. 


Já o ex-juiz respondeu em uma das mensagens que “vou manter meu voto secreto”. Mais tarde, diante da repercussão, sua assessoria divulgou nota, afirmando que “distorceram o posicionamento” do senador. A imagem e as mensagens repercutiram nas redes sociais e provocaram uma enxurrada de críticas por parte de apoiadores de Bolsonaro.

 
Já sobre a conversa com o ministro, Moro disse que, apesar das diferenças, o cumprimento a Dino foi “um gesto de cordialidade” e que “não irá perder a civilidade”.

 
De campos ideológicos opostos, os dois têm em comum o fato de que eram juízes federais e renunciaram ao cargo para ingressar na carreira política. Dino e Moro são adversários políticos e não inimigos, mas nessa polarização cega e doentia, uma conversa mais amistosa e um cumprimento civilizado se tornam pecado.

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